O CABELO "VICIA"?

Muito se fala popularmente que o cabelo "vicia". Que o mesmo tipo de shampoo ou o condicionador "param" de fazer efeito com o tempo, ou que é necessário "dar um descanso" usando outra marca.

Mas é verdade mesmo?

Isso me lembrou de uma das casas que morei com minha família. O piso era de madeira, e minha mãe fazia questão deles sempre estarem limpos e brilhantes. Quando a cera líquida surgiu, lá em meados de 90, aquela em pasta foi abandonada, bem como o enceradeira, que foi praticamente extinta de lojas de eletrodomésticos.

Com o tempo, minha mãe percebia que a cera liquida não fazia muito mais efeito e falava que o chão havia "viciado". Ela mudava de marca, voltava a brilhar, e depois embassava de novo. Um dia ela percebeu que aquela cera líquida instantânea tinha formado uma "casca" sobre o piso. Parecia um plástico. Com uma faca e uma esponja de aço, ela raspou todo o chão, tirou toda aquela "casca" grossa e velha de toda parte da casa que tinha madeira. Finalizou a limpeza com querosene e tudo parecia madeira virgem novamente. Com o piso limpo, ela voltou para a cera líquida que confiava e, ao passar, uma mágica aconteceu: o piso voltou a brilhar como da primeira vez!

O que acontecia no piso de madeira, e o que acontece em nosso cabelo, é bem parecido. Isso se chama acúmulo de resíduo.

Os fios do nosso cabelo são porosos por conta dos desgates naturais. Salvo excessões, a maioria das cabeças por aí possuem fios em que as cutículas não são bem estruturadas. Logo, porosidade e cutículas desestruturadas ajudam, e muito, na retenção de oleosidade e sujeira.

Nosso dia a dia é corrido, mal temos tempo para tomar banho direito. A falta de paciência em lavar com cuidado os cabelos também faz parte da vida de quem tem cabelo longo. E lavar mal os cabelos, junto com a porosidade e as cutículas desestruturadas, ajudam muito mais a reter oleosidade, sujeira e as substâncias inativas de shampoos e condicionadores.

O uso contínuo de um determinado produto não vicia o cabelo, ele simplesmente começa a depositar e a reter resíduos. Aí muda-se a marca, cuja concentração das substâncias se diferenciam levemente, dando o falso aspecto de que o cabelo voltou a ter "vida".

Já li muito que é importante ter mais de um tipo de shampoo na prateleira e revezar o uso entre eles ao longo dos dias. Na verdade isso é um mito infundado, reproduzido largamente por blogueiras por aí que trocam dicas caseiras entre si.

Em primeiro lugar, é necessário ter produtos bons. Não importa se seja popular, intermediário ou profissional. Aquele que você saiba que seu cabelo reage bem à sua composição sem deixar o aspecto pesado ou mal lavado. Não é errado se fixar a uma marca e a um tipo específico de produto. Pelo contrário, seus cabelos agradecem e sua paciência também.

Produtos para cabelos não são drogas viciantes, que criam dependência e cada semana que passa sofrem de abstinência e exigem produtos mais fortes. Até porque o cabelo, para quem não sabe, é tecido morto. Ele, assim como unhas e pêlos, são basicamente feitos com restos de nosso metabolismo.

O que é necessário é ter apenas dois tipos de shampoo: 1) aquele que você usa no dia a dia; 2) o anti-resíduos.

Portanto, vale a pena ler o post sobre anti-resíduos e limpeza profunda, porque o shampoo e condicionador vai fazer o que a cera líquida fazia nos tacos de casa. E quando não der mais resultado, é hora de usar o shampoo de limpeza profunda, assim como minha mãe fazia com a faca e a esponja de aço para tirar o excesso de resíduo acumulado.

E aí você vai ver, o cabelo não "vicia", e você comprava diversos tipos de shampoo à toa.

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