COMO ESCOLHER MEU CONDICIONADOR?

O processo de escolha do condicionador é tão chato quanto o de shampoo.

Quem nunca se deparou com aquela prateleira do supermercado que toma conta de quase um corredor inteiro sem saber pra onde olhar ou como começar a escolha?

A oferta é muita, as promessas mais ainda, mas são poucos os realmente eficientes.

Como dito no post sobre condicionadores, este produto é parte indispensável da saúde capilar, porém não é um hidratante. Ele é apenas parte do processo de hidratação. A função principal dele é diminuir a tensão da água, facilitar o penteado e mante-lo umectado e macio ao longo do dia.

O problema é que muitos deles, no fim do dia, chegam a dar aquele aspecto de cabelo sujo, oleoso. Retendo muito da poeira e impurezas do ar, mesmo seguindo uma higienização adequada, seguida do uso de um bom condicionador.

Então o que há de errado?

Primeiro lugar, pode ser que o condicionador não seja adequado para seu tipo de cabelo. Segundo lugar, pode ser que a composição dele seja muito oleosa demais. Terceiro lugar, pode ser que seu enxague não seja adequado.

Eu costumo dizer que o shampoo não é tão importante, desde que ele limpe, desengordure e higienize o couro cabeludo, mas que o ponto chave na finalização do banho é o condicionador. Ele sim deve ser de boa qualidade.

Assim como nas composições do shampoo, a impressão que se tem é que a dos condicionadores não muda muita. E não muda mesmo. O que muda é a concentração das substâncias e a qualidade delas. Nós não sabemos a concentração, muito menos a proveniência para atestar sua qualidade. Logo, devemos partir primeiramente para a confiança pela marca e o teste prático.

Quando eu compro shampoo ou condicionador, nunca opto pelos vidros grandes, aqueles de 500ml ou até de 1 litro. Sempre opto pelos menores. Essa idéia de que "os maiores rendem mais" ou "saem mais em conta", é mentira. Os vidros menores costumam ser mais caros, mas caso eu não goste do resultado, ou o produto deixa de fazer o efeito que fazia antes, eu posso abandoná-lo sem desperdício muito grande, ou usá-lo até o fim sem ter que esperar meses para acabar.

Para a escolha, deve-se partir do principio do que você precisa.

Existem marcas da linha cosmética que produzem condicionadores neutros, hipoalergênicos e balanceados, como da Johnson. É um condicionador leve, que não deixa resídual grande e serve, principalmente, para cabelos que nunca foram tratados quimicamente, ou para pessoas com certa intolerância aos componentes de condicionadores mais densos. O mesmo a ser dito sobre Natura, ou O Boticário. As fórmulas dessas marcas costumam ser mais leves. Me agrada muito os condicionadores da Natura, que também não deixam residual grande, o aroma sempre é muito bom e o aspecto aveludado que ele deixa no cabelo é impressionante.

Para os quimicamente tratados, os condicionadores devem possuir queratina e colágeno para a ajudar no início do processo de reconstrução, além de lipídios como a ceramidas e aminoácidos de proteínas hidrolizadas como a do leite e do trigo, substâncias perdidas acentuadamente com o uso de químicas. Sem dúvida recomendo os produtos de linhas profissionais com o da L'Oreal ou Kérastase, que são os mais fáceis de achar. Mas na verdade, qualquer boa loja de cosmético saberá recomendar algum produto bom. Basta não esquecer de verificar sua composição.

Para aqueles que são apenas secos, que necessitam de nutrição, a ênfase deve estar nos óleos naturais hidratantes. Óleo de amêndoas, macadâmia, argan e qualquer outro de origem vegetal são muito bem vindos.

O grande pecado dos condicionadores de marcas populares fica no excesso de produtos sintéticos como óleos minerais derivados do petróleo, a parafina liquida (também derivada do petróleo), ou o silicone, responsáveis não por hidratar, mas por dar a consistência do produto e baratear sua produção. Esses produtos sintéticos acumulam nos fios e só saem com limpeza profunda, além de camuflarem os danos, ou seja, eles apenas dão a impressão de que o cabelo está saudável, mas não trazem benefício algum aos cabelos. Os óleos vegetais presentes mesmo assim em produtos com composição sintética são adicionados em uma concentração muito baixa apenas para estar presente, e a efetividade deles é reduzida.

Já que dos males o menor, prefira os condicionadores com silicone líquido, embora seja difícil encontrar. Acho o produto menos danoso e acumulativo do que a parafina líquida, e ele realmente cria uma camada protetora mais efetiva. O essencial é não haver hidratantes sintéticos, algo que apenas acontece (se acontece) em produtos profissionais.

Tem gente que acha que condicionador bom é aquele que deixa o cabelo com aquela sensação oleosa.

Não é.

Condicionador bom é aquele que você espalha pelo cabelo e o excesso sai sem demora no enxague, sem deixar o aspecto oleoso e ainda sim não embaraçar ou enroscar entre os dedos ou no pentear. Melhor ainda quando o resultado é visível ao longo do dia, com o cabelo macio, hidratado, solto e com balanço, sem peso ou opacidade. Se nada disso acontece, pode ter certeza que a qualidade é péssima e precisa ser trocado, ou sua rotina de lavagem está errada.

CONDICIONADOR... O QUE É ISSO?

Foi-se o tempo que o condicionador era simplesmente para desembaraçar os fios, como fazia a linha Opus, Neutrox ou Yamasterol nas décadas de 80 e 90, que no enxague dava aquela sensação de que o produto ia sair nunca. Dava desespero até o excesso de produto sair, e mesmo assim aquele sebo continuava.

Hoje em dia ainda há produtos assim, principalmente aqueles de marcas populares bem mais baratas do que as populares de melhor qualidade, mas em muito menor quantidade.

Quando um condicionador diz ter função reparadora, pode ler em sua composição a presença da queratina hidrolizada na maioria deles, ou do colágeno. Quando diz ter função nutritiva, há proteínas hidrolizadas, principalmente do trigo e do leite, as mais comuns. E assim por diante.

O condicionador de hoje é parte do tratamento diário dos cabelos. Embora o shampoo comum pouco altere a abertura das cutículas, a função do condicionador, além de oferecer o mínimo de nutrientes necessários, é de equilibrar o pH do cabelo, selando suas cutículas com uma película protetora que evita a perda desses nutrientes ao longo do dia.

O pH do condicionador chega a ser quase neutro, pendendo a uma leve acidez. Mesmo contendo agentes emolientes (que deixam os cabelos mais macios) e umectantes (que tentam manter a umidade natural dentro dos fios, evitando o ressecamento do shampoo), ao contrário do que se imagina, ele não é um hidratante.

A função do condicionador é, além de equilibrar o pH do cabelo, de diminuir a tensão superficial da água, e assim deixa a polaridade dos fios levemente hidrofóbica. Aquela sensação descrita acima, de cabelo ensebado durante o enxague do condicionador, nada mais é do que essa hidrofobia à agua por conta de óleos minerais (derivados do petróleo, o mais encontrado nas composições), óleos vegetais ou silicone, dificultando a retirada do produto dos cabelos.

Óbvio que a concentração desses agentes hidrofóbicos é muito menor hoje em dia, o que facilitou demais a lavagem, cujo residual pós enxague é muito baixo. Há também o fato de alguns óleos naturais serem processados para terem suas moléculas reduzidas, facilitar suas ações hidratantes sem deixar o aspecto pesado, como acontece com os óleos de côco, oliva, macadâmia, argan, amendoa, dentre outros. Assim o uso de produtos com esses componentes é muito mais fácil.

Para um cabelo saudável, o condicionador é parte essencial do processo, desde que muito bem higienizado com o melhor shampoo para seu tipo de cabelo.

COMO ESCOLHER MEU SHAMPOO?

Essa pergunta é bastante complicada, pois o shampoo que é bom para o seu cabelo, pode não ser para o meu, e vice-versa.

Como já explicado no post anterior, o shampoo ideal é o de "fórmula balanceada". Mas como saber?

Os produtos que encontramos no mercado geralmente são:

- Populares: como Dove, Elseve, Garnier, Pantene, Palmolive, Seda, TRESemme, etc.
- Intermediárias: como Avon, Empório Body Store, L'Occitane, Natura, Neutrogena, O Boticário, Payot, Vizcaya, OX, etc.
- Profissionais: como L'Oreal, Kérastase, Kamura, Revlon, Wella, etc.

Os produtos populares hoje em dia são, em sua maioria, aceitáveis, havendo dentro dessas marcas até as linhas mais específicas (e portanto mais caras), que cumprem bem seu papel, como é o caso da Dove Advanced Hair Series, ou a linha Pantene Age Defy e Seda Professionals. Elseve é uma excessão, pois sendo da L'Oreal Paris, todos seus produtos são bastante específicos.

Os produtos intermediários tem um excelente custo benefício, principalmente Natura, O Boticário e Payot, por terem em suas composições uma maior quantidade de extratos naturais. L'Occitane se destaca um pouco mais por conta do seu preço mais elevado e uma qualidade quase impecável de produção, e Avon costuma ser excelente nos finalizadores e produtos de tratamento nutritivo ou reconstrutor. A Neutrogena tem uma linha de tratamento muito mais específica, quase farmacêutica, então todos seus produtos são quimicamente muito balanceados e hipoalergênicos.

As linhas profissionais são sempre bem vindas. São muito específicas, que usam extratos e substâncias mais puras, com informações extras já no próprio rótulo, como o pH do produto, o modo correto de uso e até o tempo de ação. Porém costumam ser muito mais caras e virem em quantidade muito maior, sendo geralmente encontradas apenas nos salões. Hoje em dia é possível encontrar os produtos profissionais em lojas fisicas ou virtuais específicas em embalagens menores, mas o preço nem sempre compensa e os produtos profissionais também não devem ser usados com a mesma frequência de um produto mais doméstico e popular.

Depois de dividir as marcas em grupos e o direcionamento de cada um, agora é necessário relacionar o tipo de shampoo ao tipo de cabelo.

Antigamente era comum ver nos rótulos as informações de CABELOS NORMAIS, CABELOS SECOS ou CABELOS OLEOSOS.

Hoje em dia a indústria cosmética (principalmente aquela direcionada ao tratamento capilar) sabe que a divisão não é mais tão simplória assim. Os rótulos hoje em dia são mais informativos, mas nunca sabemos se o que o rótulo diz é verdade. Quando olhamos as composições, parecem todas a mesma coisa. Então o que muda?

A grosso modo, existem os shampoos transparentes e os opacos (coloridos, perolados ou mais leitosos). Nem todas as marcas trabalham com todos os tipos. É importante saber disso porque os shampoos transparentes costumam ser mais neutros, enquanto os opacos são mais densos e com uma composição mais incrementada para dar cor e consistência, que acabam reduzindo um pouco a ação surfactante e aumentando mais a ação emoliente.

Os cabelos mais oleosos aceitam melhores os shampoos transparentes, enquanto os mais secos aceitam melhor os opacos. Os cabelos mais finos precisam de produtos mais delicados e que merecem maior atenção com os produtos de linhas cosméticas ou profissionais. Os mais danificados, seja por química ou por ação física como escovas e pranchamentos, são mais afins com os shampoos opacos enriquecidos com queratina, ceramidas e colágeno.

Verificar a composição do produto é uma regra. Os shampoos transparentes, como os da Pantene, por exemplo, costumam ter apenas a adição do Pantenol na composição para a ação umectante dos fios sem ser oleoso, enquanto os da Seda se mantém mais na ação detergente, e os da Natura ou O Boticário são muito recomendados porque os ativos umectantes e surfactantes baseados em extratos mais naturais não atrapalham os cabelos já oleosos. Já os shampoos opacos, como os da Elseve, Dove e também Pantene, costumam ter adição de óleos e/ou proteínas hidrolizadas para a ação emoliente.

Agora, descobrir o produto ideal para seu cabelo exige paciência e atenção, já que apenas você irá saber melhor do que qualquer outra pessoa. Mas com essas dicas (que vale dizer: não são regras), fica mais fácil direcionar seus cabelos para um tipo mais certo de produto.

Uma coisa importante é saber que o shampoo não tem uma ação nutritiva e reconstrutora tanto quanto, em ordem de importância, as máscaras capilares, leave ins e condicionadores. Os agentes surfactantes e adstringentes presentes no shampoo dificultam a retenção dessas substâncias durante a lavagem e enxague.

Lembrando que as dicas dadas aqui, bem como em todo o Blog, são para os cabelos lisos aos levemente ondulados. Os cabelos mais encaracolados e crespos necessitam de linhas de tratamentos mais específicas e uma maior atenção aos componentes.

SHAMPOO... O QUE É ISSO?

O shampoo nada mais é do que um detergente. Detergentes são substâncias surfactantes que, em sua molécula, possuem duas estruturas: uma polar (ou hidrofílica), que tem afinidade com a água, e outra apolar (ou hidrofóbica), com afinidade a gordura.

Logo, duas substâncias que não se misturam, como a água e o óleo, conseguem ser agregadas por conta da força das moléculas presentes no detergente, levando com elas a oleosidade e sujeira.

É claro que o detergente que usamos na cozinha não é o mesmo que usamos no banho e vice-versa, embora a função dos dois seja a mesma.

A diferença é que o shampoo possui uma concentração menor de surfactantes, além de ter em sua composição outras substâncias que acabam amenizando os efeitos excessivos do uso contínuo, como o ressecamento dos fios e do couro cabeludo.

Pensando em um shampoo comum e mais puro (sem adição de óleos ou outros agentes), esse ressecamento, ou aquela sensação de fio grosso ou da ponta dos dedos rangendo nos fios depois do enxague, ocorre por causa dos sais presentes, responsáveis por fazer a espuma e agirem como surfactantes (tirando a oleosidade e a sujeira). O potencial hidrogeniônico (pH) do shampoo comum é levemente ácido (entre 5.0 e 6.0), o que não altera muito a abertura das cutículas tanto quanto um pH mais alcalino (acima de 7.0), aquele presente nos de limpeza profunda porque a função do shampoo diário é apenas limpeza superficial.

Logo, a função do shampoo é retirar dos fios a sujeira e oleosidade, mas sem levar junto seus lípidios e nutrientes naturais aderidos às cuticulas.

Soma-se a isso a afinidade do cabelo com a água, aumentada com o uso do shampoo. Por isso os fios ficam mais grudados e difíceis de pentear após o enxague.

Muito se ouve dizer sobre "shampoo de fórmula balanceada". Mas, afinal, o que é uma fórmula balanceada? Apenas a composição é indicada no rótulo, e não a sua fórmula. Não dá pra saber quanto tem de cada componente.

É possível observar durante o enxague que uma fórmula não é balanceada quando há aquela sensação de cabelo mal lavado, ou a sensação de cabelo extremamente limpo e embaraçado. No primeiro caso, há excesso de emolientes e carência no surfactante, e no segundo caso, o contrário.

Portanto, seguindo a lógica, um shampoo não balanceado, com excesso de surfactantes na composição, tende a fazer uma limpeza excessiva, deixando-o seco, sem brilho e enrijecido. Já em um shampoo com carência de surfactante irá deixar o cabelo pesado, opaco e com resíduo excessivo de oleosidade.

O bom shampoo é aquele em que não há o excesso de nenhum dos dois casos e o pH seja neutro (entre 6.0 e 7.0). Mas somos usuários comuns, e não há como sabermos disso. Portanto, durante o enxague, deve-se sentir na ponta dos dedos que os cabelos estão limpos, ao mesmo tempo que a aderência dos fios com a água não seja muito grande.

Só depois de uma boa higienização nos fios que o condicionador deve ser usado. E acreditem, o condicionador é obrigatório para um cabelo saudável.
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